G.A.L.E.R.I.A.S
A - E.X.P.O.S.I.Ç.Ã.O
Entre expectativas, as possibilidades curatoriais
O tema para o concurso desta oitava edição do Festival Mês da Fotografia não era fácil, deixava margem para muitas interpretações que poderiam ir da denúncia à utopia, passando pelo confinamento em si. O resultado se reflete não só em uma amplitude de temas, como em alguns rumos da fotografia contemporânea.
A primeira surpresa da comissão de seleção foi encontrar temas que pareciam remotos à proposição do Edital, mas que terminavam fazendo eco em algumas propostas, trazendo nas imagens ideias similares. Tivemos, assim, que rever a legitimidade das nossas próprias expectativas.
Se o confinamento e o uso de máscaras foram temas presentes em virtude de tudo que estamos vivendo, as consequências desse estado das coisas refletiram-se em dois temas recorrentes, como se aquilo do qual fomos privados quisesse de alguma escapar e se manifestar. Houve, assim, diversas propostas que traziam a natureza como temática – refletindo um sonho de pureza e frescor utópicos em um mundo de poluição e agrobusiness; outras também ligadas a rituais coletivos – apontando, por sua vez, para uma necessidade de estar junto que ia desde a família no jardim a uma performance, ou festas religiosas e populares. Quem diria que a fotografia poderia captar desejos quando se dissimulava em registros documentais?
Além da diversidade de temas, houve ainda uma variedade de linguagens que dão conta das possibilidades abertas pelo trabalho com imagens. Se a fotografia documental ainda é a principal tendência, houve também mais de uma proposta para gêneros como montagens com recursos digitais, fotografias encenadas e imagens abstratas. As cores supersaturadas também são uma tendência recorrente tanto em fotos de paisagem, deliberadamente artificiais, como em ensaios documentais. Tudo isso denota a habilidade de tantos fotógrafos pensantes de escrever por meio de imagens. E foi justamente a capacidade dessa escrita que se demonstrou determinante à categoria de ensaios pois, muitas vezes, parece ter faltado a visão para uma articulação de imagens não necessariamente progressiva, mas com uma rede de relações que faça com que as fotografias se completem e se acrescentem sem repetições e com um encerramento para a narrativa visual ali contada. A linguagem fotográfica, no sentido amplo, ainda traz desafios e gratas surpresas.
Finalmente, os ensaios celebram a região do Centro-Oeste e oferecem um espelho necessário para que possamos nos reconhecer. Quando pensamos na busca pela inclusão, que rege a imprescindível utopia de uma sociedade mais justa, devemos considerar também o nosso espaço geográfico, ao mesmo tempo no centro e, bem sabemos, à margem (embora não tenhamos nada contra a margem). A seleção final dos ensaios e das fotografias individuais responde, assim, a essa utopia de, pela fotografia local, não apenas registrarmos os viventes, mas darmos corpo a um imaginário articulador de quem somos e de qual mundo queremos construir.
Comissão de Seleção
Denise Camargo – Rinaldo Morelli – Susana Dobal
F.I.C.H.A - T.É.C.N.I.C.A
Realização
Lente Cultural Coletivo Fotográfico
Haristélio Sérgio Almeida
presidente
Alan Santos
diretor financeiro
Cristiano Costa
diretor executivo
Produção
Photo Agência e IDEIA Prática
Festival Mês da Fotografia 2020
Eraldo Peres
diretor executivo
João Campello
diretor de arte
Carol Peres
produção geral
Comissão de Curadoria da Exposição Coletiva de Fotografias do Centro-Oeste
Denise Camargo
Rinaldo Morelli
Susana Dobal
Realização
Apoio
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