Filhos da Terra – Diversidade e Cultura é um projeto continuado, desde 2016, de investigação e documentação da cultura popular, que parte da arte fotográfica como linguagem principal de comunicação para imprimir referências de povos e suas tradições numa esfera pública global, buscando uma conscientização para o conhecimento, a valorização e a preservação de um patrimônio vivo, muitas vezes colocado à margem do reconhecimento e dos processos culturais.
Em sua primeira etapa (2016/2018), o projeto pesquisou e documentou 07 manifestações culturais em território brasileiro, interagindo com mais de 100 agentes culturais e alcançando um público de mais de 5 mil pessoas em seu ambiente digital. Os resultados da pesquisa estão compilados em um Acervo Editorial Digital, disponibilizado no site www.filhosdaterra.org com acesso gratuito para atividades de educação patrimonial e pesquisa, e para comunicação e transmissão de saberes às gerações vindouras. (Ver anexo - Filhos da Terra – Resultados Etapa 1)
O desenvolvimento do projeto se deu a partir da observação do patrimônio vivo e do desenvolvimento de uma metodologia própria de cartografia dos saberes, estabelecendo cinco Rotas Culturais livremente inspiradas nos "Brasis" do antropólogo Darcy Ribeiro (O Povo Brasileiro, 1995) e nas referências da antropologia e da etnofotografia. Cada rota é em si um processo independente de pesquisa e documentação, revelando um grande atlas de imagens que leva ao público fragmentos da cultura popular e estabelece relações entre os diversos atores e agentes culturais envolvidos.
Destaca-se pela compreensão coletiva da cultura, pelo entendimento da transversalidade das tradições populares e da contemporaneidade e pelo reconhecimento da inestimável função que cumpre a cultura como fator de aproximação, intercâmbio e entendimento entre os seres humanos. E ainda, por responder à urgência de ações culturais voltadas para a sensibilização de novos públicos para os temas do patrimônio imaterial e à valorização do ser humano enquanto bem cultural e representatividade da identidade cultural brasileira.
Entendendo a urgência sociocultural em que está inserido e na esteira das diretrizes e políticas públicas de reconhecimento e salvaguarda da cultura imaterial, propõe-se o lançamento do Acervo Editorial Digital, através de uma programação composta por palestras com exibição de documetários e exposição fotográfica, a fim de promover o acesso público e gratuito ao conteúdo produzido pelo Filhos da Terrra e à informação e comunicação de bens culturais e os temas que os cercam.
O circuito de palestras aborda os temas da fotografia documental, produção de memórias, cartografia cultural e as questões sobre patrimonialização de bens culturais imateriais. Ao início de cada palestra será exibido um documentário curta metragem realizado no âmbito da pesquisa do Filhos da Terra. É voltado para professores da rede pública de ensino, universitários, pesquisadores, fotógrafos, artistas visuais, instituições de registro e salvaguarda do patrimônio bem como os organismos nacionais e internacionais que tratam do patrimônio imaterial no Brasil e no mundo e o público interessado nas questões patrimoniais.
A exposição fotográfica apresenta um compilado de imagens de mestres e mestras da cultura popular e das manifestações culturais documentados pelo projeto, entre elas o maracatu rural, os rituais do Vale do Amanhecer, as festividades da Congada, as procissões da Marujada e os modos de vida dos peões pantaneiros na travessia do gado no Mato Grosso do Sul. É voltada para o público interessado nas artes visuais, na fotografia e na cultura popular. Será oferecida para as escolas e instituições de ensino do DF como atividade artística e extra curricular.
Reconhecimento Institucional
As ações que envolvem o Filhos da Terra, desde as primeiras pesquisas, contam com apoio expresso em carta da Unesco (BRA/REP/05-0863 / 2010), a qual destaca que o mérito da iniciativa e a afinidade entre seus propósitos e alguns princípios adotados pela Unesco, tais como a preservação da memória e a valorização do patrimônio imaterial, nos levam a conceder o apoio institucional (...), legitimando sua contribuição para a preservação do patrimônio cultural conforme as considerações da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial.
Em 2019 o projeto concorre na 32a edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), estando entre os quatro projetos selecionados no Distrito Federal e entre os 99 finalistas na etapa nacional, na categoria ‘Iniciativas no campo do Patrimônio Cultural Imaterial’.
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