“Desejo inicialmente desculpar-me perante a direção ... e a Comissão Julgadora ... pela apresentação sumária”. Com as palavras iniciais de Lúcio Costa em seu projeto para a criação da nova capital, iniciamos a apresentação do projeto Um Olhar Curioso nas Asas, com o objetivo de oferecer para Brasília um livro que seja um testemunho contemporâneo, reunindo sensibilidade, estética e verdade.
Com esses objetivos e para revisitar o sonho do homem santo e os traços do arquiteto formadores do Plano Piloto, dividindo a cidade em duas escalas – Residencial e Monumental, no formato do corpo de avião, com seu eixo principal e suas duas asas, que os fotógrafos Eraldo Peres e João Campello encontram-se para celebrar os 60 anos de Brasília e lançar o livro, que leva o mesmo nome do projeto, como testemunho de uma nova capital, viva e pulsante com os roxeados e amarelados dos Ipês e os avermelhados dos Flamboyants.
Sonhada e cantada em versos e prosas, e com seus possíveis diversos nomes, a “Nova Lisboa” do planalto central, a “Planópolis”, “A Cidade Histórica da América”, ou ainda a “Cidade de Vera Cruz”, foi tema de muitos debates ao longo da história: dos serviços da Coroa portuguesa; de comissões exploradoras e da corte portuguesa, que vindo para o Brasil foi orientada a construir uma nova capital no coração do país; dos inconfidentes; e de constituições federais.
A força de Brasília “nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse: dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz”, esclareceu Lúcio Costa após vencer o concurso, trazendo para Brasília conceitos inovadores como a horizontalidade, a setorização e a funcionalidade. Essas características buscavam oferecer para os seus moradores qualidade de vida, fazendo da nova capital uma cidade única e triplamente reconhecida como patrimônio: cultural, resguardada pelo Governo do DF; histórico, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; e da humanidade, reconhecida pela Unesco.
O livro apresentado é a oportunidade de trazer para as novas gerações interpretações contemporâneas do que se pretendeu ao pensar as superquadras como uma das faces humanas da cidade e como extensão residencial aberta ao público - uma verdadeira contraposição ao conceito de “condomínio”, área fechada e privativa, oferecendo perspectivas inovadoras, que se revelarão como um novo marco civilizatório.
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